quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cruzeiro perde seis mandos de campo e leva multa de R$ 64 mil


Como já era esperado, apesar da confiança do Cruzeiro antes do julgamento, o clube celeste terminou multado e punido com perda de mando de campo em julgamento nesta quarta-feira, dia 5 de setembro, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A pena dos auditores da Terceira Comissão Disciplinar foi de aplicar multa total no valor de R$ 64 mil e ainda a perda de seis mandos de campo. O clube ainda deve recorrer desta decisão, além de pedir um efeito suspensivo até que o caso seja analisado em última instância.

Com esta decisão, o Cruzeiro terá que jogar a pelo menos 100 quilômetros de distância de Belo Horizonte nas partidas contra o Vasco (16/09), o Internacional (30/09), a Portuguesa (10/10), o Corinthians (17/10), Santos (04/11) e Bahia (11/11). Assim, a Raposa não poderá jogar no Independência e nem na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. A tendência é que o clube jogue em Varginha, Uberlândia ou Ipatinga, caso não obtenha mesmo o efeito suspensivo.

No caso dos jogadores do Cruzeiro, Leandro Guerreiro foi suspenso por duas partidas e Montillo terminou absolvido. Com esta decisão, o volante celeste está fora da partida contra o Sport, no próximo domingo, enquanto o meia argentino fica liberado pelo tribunal. Denunciado por conta do lance de Montillo, o árbitro Nielson Nogueira Dias também foi absolvido.

Já em relação às denúncias dos dirigentes, os auditores decidiram, por maioria de votos, suspender por 30 dias os dirigentes cruzeirenses Alexandre Matos, Valdir Barbosa e Guilherme Mendes, por ofensas à arbitragem. Nos outros dois artigos do CBJD, eles foram absolvidos.

Depoimentos de dirigentes cruzeirenses:

Alexandre Matos, diretor de futebol do Cruzeiro, prestou depoimento, e explicou sua versão dos fatos. "Ao término do primeiro tempo, estavam todos acalorados. Eu estava atrás do gol e, neste momento, me dirigi aos atletas pedindo para que eles saíssem. Em seguida, fui até o Nielson (árbitro) e, com educação, disse que os jogadores estavam reclamando pelo número de cartões aplicados ao Cruzeiro na etapa inicial".

Depois foi a vez de Guilherme Mendes, diretor de comunicação do clube celeste, falar sobre a denúncia de ter invadido o local destinado à equipe de arbitragem: "O local é uma área comum, onde os jogadores também têm acesso ao vestiário. Uma área onde os dirigentes têm acesso e onde os jornalistas ficam. Sou diretor de comunicação do clube e esse é o local onde fico".

"No intervalo, havia descido para fazer o atendimento à imprensa. Eu estava neste ponto quando o Valdir (Barbosa) chegou e, em seguida, se dirigiu ao Nielson, dizendo: ‘você não pode cometer os mesmo erros que cometeu em Uberlândia. Você está nos prejudicando’. Em seguida, o árbitro pediu aos policiais presentes que dessem voz de prisão ao Valdir. Em nenhum momento houve tentativa de agressão. Não é verdade que a polícia veio na tentativa de nos conter. Até no boletim de ocorrência não consta nenhuma palavra que eu tivesse dito a ele (árbitro)", encerrou Guilherme, afirmando ainda que em nenhum momento os policiais que escoltavam a arbitragem fizeram menção de prendê-los.

Advogados minimizam fatos

Carlos Portinho, advogado do Rio de Janeiro que trabalhar para o Cruzeiro em processos no STJD, iniciou sua sustentação tentando demonstrar a falta de credibilidade do relato do árbitro na súmula, já que o mesmo também figurava entre os denunciados no processo disciplinar. No caso do jogador Leandro Guerreiro, o defensor afirma que o atleta agiu de forma hostil por querer que o jogo continuasse. Assim, pediu que fosse aplicada apenas uma advertência ou a suspensão mínima de uma partida.

Sobre o argentino Montillo, Carlos Portinho ressaltou que o árbitro viu o lance, entendeu que não houve falta, e por isso deixou o jogo correr. Minimizando o lance, a defesa pediu a absolvição do meia, para que "Montillo não seja penalizado injustamente".

Com relação ao dirigente Alexandre Matos, Carlos Portinho disse que em nenhum momento houve ofensa, conforme o depoimento do mesmo, presente no tribunal. A defesa afirmou ainda que, conforme explicado em depoimento, o diretor não invadiu o gramado, e por isso também pede a absolvição quanto a este fato relatado na denúncia.

Já com relação aos demais dirigentes, o advogado do Cruzeiro disse ter achado estranho o relato na súmula, onde, segundo o árbitro, Guilherme e Valdir teriam dito a mesma coisa: "Eles ensaiaram a semana inteira o que dizer, como uma dupla sertaneja", ironizou Portinho. Em seguida, destacou o excesso de Nielson Dias na súmula, e encerrou pedindo também a absolvição de ambos.

O advogado Sérgio Rodrigues, vindo de Belo Horizonte, defendeu o clube mineiro denunciado. Num primeiro momento, ele alertou para a situação atual do futebol em Minas Gerais, com mortes, brigas e vandalismo entre torcedores. Em seguida, alegou que 49 ingressos foram roubados por torcedores do Atlético/MG antes da partida, e que havia provas com fotos e relatos de torcedores atleticanos nas redes sociais informando que estavam no estádio Independência, mesmo com o clássico sendo de uma única torcida, no caso a do Cruzeiro.

Com relação ao arremesso de uma lata no campo, Sérgio Rodrigues disse que em nenhum momento há imagens que comprovem que foi lançada no gramado, visto que o objeto foi entregue nas mãos da arbitragem por um atleticano. Ainda segundo a defesa, não havia como denunciar o clube por "deixar de prevenir ou reprimir", já que o Cruzeiro tomou todas as medidas necessárias para prevenir e coibir qualquer tipo de desordem em sua praça de desporto.

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